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Desconfortável

Na sexta, falei que saí da zona de conforto porque encontrei meu primo na Beira Mar. Sábado consegui fazer um treino mais leve e curto. No domingo, programei para fazer um treino mais longo. Pretendia fazer pouco mais de 10 km em 1 hora e alguns minutos. Já tinha decidido o percurso na minha cabeça. Sabia que daria o tempo e a distância. Quando saí de casa, escolhi fazer 3 km de aquecimento e depois 1 km forte e 1 km fraco.

Às vezes, e nas últimas semanas com mais frequência, encontro o casal Kiko, do Mountain Do, e Fabiana treinando por lá, geralmente fazendo treinos intervalados. Na terça da semana passada encontrei-os e quando eles passaram por mim o Kiko disse: “vem com a gente”. Eu falei que naquele ritmo não daria e ele disse que se não tentar eu nunca ia saber. Acelerei e fui, aguentei alguns poucos metros.

Na sexta, eles estavam lá novamente e domingo também. Na sexta estava correndo com meu primo, mas domingo não teve jeito. Encontrei eles na Beira Mar e saí da zona de conforto de uma forma impensada naquele dia. Na primeira vez que os vi, eles estavam no sentido contrário. Até aí, tudo certo. O problema foi na volta. Eles estavam no intervalado e passaram por mim.

E o Kiko falou: “vem com a gente pelo menos 250 metros!”, “só para sair da zona de conforto e dar uma acelerada no coração”. A Beira Mar tem riscos pintados no chão a cada 250 metros. Ele falava: “pelo menos um risquinho, vem!”. Para a minha sorte, logo que acelerei já apareceu a faixa branca. Estávamos passando já por ela. Então, ele falou: “vem até a próxima”. Acelerei e fui. Consegui aguentar até chegar no risquinho. Foi bem sofrido e deu uma melhorada no meu 2º tiro de 1 km.

O 1º km do intervalado, correndo sozinho, saiu em 5:18. Este segundo saiu a 5:07, sendo que na aceleração com eles ficou entre 4:15/4:20 de ritmo. Depois desse aceleração, ainda tinha os metros finais do intervalado para fechar 1 km. Tentei aproveitar o ritmo, mas já fui me arrastando, só esperando o Garmin apitar. Eles estavam fazendo 3 x 5 km. No meu retorno, passei por eles, que estavam no intervalo de descanso, e ouvi: “quando a gente passar por ti, vamos juntos por 500 metros”. Falei que ia tentar e continuei no 1 km fraco.

O 3º km forte comecei correndo sozinho, tentando acelerar, mas sem saber o ritmo. No Garmin estava a distância geral e o tempo. Em seguida, escuto passos acelerados deles chegando e penso: “nem deu tempo de descansar”. Eles passaram e lá fui eu. Ele falou: “dessa vez tenta 2 risquinhos. Tem que ser 1 e tentar 2”. As pernas já estavam mais pesadas, mas tentei. Consegui passar pelos 250 metros e pouco mais da metade dos 250 metros seguintes.

Mais uma vez, o ritmo ficou ali naquela faixa entre 4:15/4:20 e foi bem extenuante. Quando não aguentei mais, diminuí o ritmo e eles continuaram. Essa acelerada me fez fechar o 3º km em 5:05. Com isso, fechava o 8º km do treino. Ainda tinha 1 km fraco e mais 1 km forte e eu não sabia bem como ia conseguir fazer esse tiro forte depois do estrago de deixar a zona de conforto de forma tão forte.

É difícil, mas a gente sempre consegue. Comecei o último tiro de 1 km ainda meio sentindo. Mudei a tela do Garmin para o ritmo para me obrigar a fazer força caso o número do ritmo médio estivesse meio alto. O Garmin marcava 5:39 e foi o sinal para acelerar. Foi complicado, não foi fácil, mas saiu. Consegui correr para 5:16 depois de algum esforço. Olhei o final deste tiro e a média ficou entre 5:05/5:10. Tive que recuperar o tempo perdido.

No fim do treino, foram 10,43 km em 1:02:01, ritmo médio de 5:57 e os intervalados de 1 km forte ficaram em 5:18, 5:05, 5:05 e 5:16. Tenho certeza que se não tivesse encontrado o Kiko e a Fabiana não iria correr tão forte assim. Iria tentar manter a média do primeiro, mas talvez não importasse em correr mais devagar. Fiz força, foi desconfortável, mas não senti dor nenhuma no pé. A melhor parte de tudo. Não sentir dor depois de tanto esforço foi muito bom. Essa brincadeira teve saldo positivo.

O lado ruim de correr forte assim é que durante dói tudo e nada indica que vamos conseguir. O lado bom é que, depois que acaba e você percebe o ritmo que fez, passa a impressão de que tudo é possível. Talvez não tudo, mas fica parecendo que dá para melhorar e voltar a correr bem. Para isso acontecer, sair da zona de conforto é fundamental. Ainda não estou no momento de ficar desconfortável por conta própria. Vou adiando até outubro ou até encontrar algum conhecido que me faça sair do conforto.

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